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Um currículo eficaz é fundamental para destacar suas habilidades e experiências e conquistar uma oportunidade profissional. Para um candidato com deficiência, é muito importante elaborar um documento que não só demonstre competência, mas também destaque as qualidades que podem ser um diferencial no mercado de trabalho. A seguir, apresento um roteiro detalhado para a elaboração de um currículo, explicando a importância de cada seção para garantir que o candidato possa criar um currículo de forma autônoma.

1. Dados Pessoais

Importância: Os dados pessoais fornecem informações básicas sobre você e facilitam o contato com potenciais empregadores.
Conteúdo:
• Nome completo
• Endereço (opcional)
• Telefone (inclua um número de contato direto)
• E-mail (utilize um e-mail profissional)
• Link para o perfil profissional online (como LinkedIn, se aplicável)
Dicas: Mantenha seus dados atualizados e evite incluir informações desnecessárias como estado civil ou nacionalidade, a menos que relevante para a vaga.

2. Objetivo Profissional

Importância: O objetivo profissional é a primeira oportunidade de apresentar suas aspirações e mostrar como suas habilidades atendem às necessidades da empresa.
Conteúdo:
• Descreva brevemente seu objetivo de carreira e o que você busca em um cargo.
• Destaque como suas habilidades e experiências são alinhadas com a posição pretendida.
Dicas: Seja específico e evite frases genéricas. Se você está buscando um cargo que permita flexibilidade ou um ambiente inclusivo, mencione isso de forma positiva.

3. Características Pessoais

Importância: Destacar suas características pessoais permite que você mostre como suas habilidades e traços podem contribuir para o ambiente de trabalho.
Conteúdo:
• Qualidades como habilidades de comunicação, resolução de problemas, adaptabilidade, entre outras.
• Se houver características específicas relacionadas à sua deficiência que complementem suas habilidades, como um alto nível de resiliência ou capacidade de pensamento criativo, mencione-as.
Dicas: Foque em atributos que são benéficos para a função desejada e que demonstrem seu valor como colaborador.

4. Formação Acadêmica

Importância: A formação acadêmica apresenta suas qualificações e competências adquiridas ao longo da educação formal.
Conteúdo:
• Liste os cursos, diplomas e certificações em ordem cronológica decrescente (começando pelo mais recente).
• Inclua o nome da instituição, curso e data de conclusão.
Dicas: Se você possui alguma formação relevante para a área de atuação, destaque isso. Se houver cursos adicionais relacionados à sua deficiência, como treinamento especializado, inclua-os.

5. Experiência Profissional

Importância: Esta seção detalha sua trajetória profissional, mostrando suas experiências e conquistas relevantes para a vaga.
Conteúdo:
• Enumere suas experiências anteriores em ordem cronológica decrescente.
• Para cada emprego, inclua o nome da empresa, cargo ocupado, período de trabalho e principais responsabilidades e conquistas.
Dicas: Foque em resultados e habilidades que são relevantes para o cargo desejado. Se a deficiência influenciou ou aprimorou suas habilidades profissionais, considere como isso pode ser apresentado positivamente.

6. Outras Informações Importantes

Importância: Essa seção permite incluir informações adicionais que possam ser relevantes para a vaga e que podem fortalecer sua candidatura.
Conteúdo:
• Idiomas (inclua seu nível de proficiência)
• Conhecimentos de informática e habilidades técnicas
• Participação em cursos, workshops ou treinamentos adicionais
• Voluntariado ou atividades extracurriculares

Dicas: Adicione qualquer informação que possa demonstrar seu comprometimento e preparação para a função. Se sua deficiência influenciou ou moldou suas habilidades de alguma maneira relevante, mencione isso, sempre de forma positiva e focada em como isso contribui para suas qualidades profissionais.
Considerações Finais:

A elaboração de um currículo eficaz é um passo crucial na busca por emprego. É importante ser honesto e positivo sobre suas habilidades e experiências, enfatizando como você pode contribuir para o sucesso da empresa. Adaptar cada seção do currículo para refletir suas qualificações e experiências únicas, além de considerar como sua deficiência pode agregar valor, ajudará a criar um documento que não apenas destaca suas competências, mas também promove uma imagem profissional forte e confiável.

Leiam com atenção um trecho de uma matéria publicada no dia 27 de março de 2024 no Jornal Valor Econômico:

“Mesmo altamente qualificadas, pessoas com deficiência (PCDs) estão distantes dos cargos de comando. É o que aponta uma pesquisa da consultoria Talento Incluir, especializada em diversidade e inclusão, com 566 PCDs em busca de colocação no Brasil. O levantamento, obtido com exclusividade pelo Valor, revela que quase metade (49,8%) dos entrevistados tem ensino superior completo e, entre eles, 24% concluíram pós-graduação, MBA, mestrado ou doutorado.”

Para a grande maioria das pessoas a notícia pode parecer algo novo. Já estou até imaginando alguns dizendo: “Meu Deus, eu não sabia disso!” ou “Credo, pensei que as oportunidades eram iguais para todos!”.

Pois é, a realidade é exatamente essa e eu falo com conhecimento de causa. Já me candidatei dezenas de vezes para vagas diversas em sites de empregos e no Linkedin e, sem qualquer preconceito com a profissão, o que me chamam é para a função de telemarketing, mesmo apresentando um currículo bem estruturado e conquistado com muito esforço.

Nas minhas idas e vindas por esse mundão de Deus, descobri que não existe um teste psicotécnico para pessoas cegas ou com baixa visão severa nos processos de seleção empresariais. Como posso concorrer a uma vaga de gestão se não existe um teste para me avaliar? Talvez seja mais fácil me eliminar nas etapas anteriores, não é mesmo?

Estou falando apenas da minha deficiência (visual) então, o trecho da matéria do Valor Econômico reflete exatamente a realidade do mercado. Esse cenário justifica o enorme número de pessoas com deficiência tentando concursos públicos ou ficando em casa recebendo o Benefício de Prestação Continuada – BPC, que é de 1 salário mínimo.

No mesmo cenário está a Lei de Cotas (n. 8.213/91) que exige das empresas com mais de 100 funcionários de 2 a 5% de colaboradores com deficiência ou reabilitados pelo INSS. Uma bela iniciativa e tentativa do governo de promover a inclusão “goela a baixo”.

As empresas acabam ofertando subempregos para cumprir a lei e, em 99,99% dos casos, não dão oportunidades para as pessoas com deficiência conquistarem cargos mais altos por suas qualificações. O que fica transparente é que a palavra PCD no currículo já basta e, por isso, é um grande diferencial no mercado, mas não foi conquistada com anos de estudo, mas sim com anos de preconceito, capacitismo, desafios, angústia, ansiedade…..

Caso um PCD ainda venha com um curso superior conquistado com muito suor, não serve para as empresas, pois essa qualificação não se enquadra nas características das vagas ofertadas. Preferem pagar 1 salário mínimo para 5 PCD sem qualificação do que pagar 5 salários mínimos para 1 PCD qualificado. A matemática é simples, a Lei de Cotas não se preocupa com qualificação, mas com números absolutos. Resumindo, para quem precisa cumprir essa lei, 5 vagas ocupadas por pessoas com deficiência sem qualificação é melhor do que 1 vaga ocupada por um PCD com qualificação. 5 é maior que 1 ok?

É mais fácil encontrarmos uma pessoa com deficiência ocupando a Presidência de um Tribunal de Justiça ou de uma Assembleia Legislativa, pois eles conquistaram passando em um concurso público ou foram eleitos pelo povo.

Peço que tire suas próprias conclusões sobre os motivos que não nos levam à conquista de cargos de gestão ou direção. Até breve!

Fonte:
https://valor.globo.com/carreira/noticia/2024/03/27/empresas-falham-na-inclusao-de-pessoas-com-deficiencia-na-lideranca.ghtml

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Como elaborar um currículo para candidato PCD